sábado, 18 de abril de 2015

Como falar de sexo na Educação Infantil?


Ao falar de Educação sexual na infância fica sempre a dúvida: devemos falar do sexo propriamente dito? Mesmo os bebês já têm a sensação de excitação, mas buscar o orgasmo já não é, de fato, coisa de criança. Elas não entendem e nem estão interessadas em saber como isso funciona.

No entanto, para o adulto chegar ao relacionamento afetivo-sexual, ele tem que passar por várias experimentações, ter contato com o próprio corpo e vivenciar situações de carinho e a intimidade – que são fundamentais para permitir a entrega, a confiança, a cumplicidade e a responsabilidade sexual no futuro. E isso sim a gente aprende na infância.

A fase auto-sexual e a descoberta do corpo

Até os 4 anos de idade, o  interesse sexual da criança está, basicamente, nas sensações do seu corpo, de carinho e atenção. Mas quando eles entram na fase que Freud chamou de auto-sexual ou genital, elas descobrem que têm autonomia para produzir uma sensação gostosa ao tocar seus genitais a conversa é outra.

Esta fase costuma ser crítica dentro da escola, porque em geral os professores não sabem qual atitude tomar ao surpreender a criança tocando os genitais. Portanto, a minha primeira sugestão é: não entre em pânico.

Não há nada de errado em se tocar, mas não em locais públicos, nem durante a aula, porque isso tira a concentração da criança e dos outros alunos sobre o que está sendo ensinado.

Na hora, não entre em detalhes. Sem expor a criança, diga apenas que não pode e chame ela de volta à atividade. Faça isso com a mesma naturalidade e convicção que a ensinou que na sala de aula que não é permitido comer ou fazer xixi.

Se essa situação começar a acontecer com frequência numa turma, talvez seja um bom momento para o professor ensinar aos alunos, por exemplo, o conceito de público e privado em relação às partes do corpo e aos comportamentos sexuais.

É muito importante que a gente entenda que é nesse toque e nas descobertas sexuais que as crianças fazem a diferenciação de si e do outro. É assim também que elas tomam consciência da diferença entre os gêneros masculino e feminino.

Este é um período de investigação sexual que não deve ser reprimido, mas sim, adequado à cultura e às imposições sociais que a escola precisa respeitar.

Na sala pode?

Se você encontrar, por exemplo, duas crianças de idades semelhantes “brincando de médico” na sala de descanso, é preciso analisar o caso. A conduta do professor depende dos valores da escola.

Se sua escola tem também como objetivo o desenvolvimento sexual dos alunos, não precisa de nenhuma interferência sua – eles estão perfeitamente adequados e tudo bem.

Mas como, provavelmente, este não é o seu caso – e nem o da maioria das escolas, você não deve olhar para esta situação como sendo uma anomalia entre crianças, mas pode e deve deixar claro para eles que esta atitude a escola não permite. Ou seja, as crianças precisam aprender seus limites. E isto se faz desde a infância.

Na escola, o professor muitas vezes se vê em apuros diante das perguntas das crianças. Um caminho que pode facilitar esta conversa é entender o interesse delas e até onde elas querem saber. Assim, antes de qualquer resposta, pergunte: para que você quer saber sobre isso?

Desta forma, você vai direto ao ponto, sabendo exatamente o que a criança quer saber. Assim, sua ajuda poderá ser mais efetiva.


Por Maria Helena Vilela



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