quinta-feira, 24 de setembro de 2015

A escola conivente com a homofobia.


Iana Mallmann, 18 anos, ex-aluna das redes pública
e privada de Brasília.  (Foto: Alexandre A. Bastos).
"Nunca tive uma postura feminina, nunca gostei de usar vestido, assessórios no cabelo. Por causa dos meus trejeitos, da maneira como eu me vestia, fui alvo de comentários na escola particular em que estudava. Muitos colegas apontavam para mim, riam, me chamavam de menina-macho. Na aula de Educação Física, eu não queria usar short-saia e, por isso, minha mãe foi chamada até a escola várias vezes. Fui repreendida por não me sentar com as pernas cruzadas ou os joelhos encostados, como uma menina deveria.

Comecei a entender o que estava acontecendo comigo durante os anos finais do Ensino Fundamental, quando me apaixonei por uma colega. Entrei em depressão e tentei me matar três vezes. Decidi contar para a minha mãe. Ela me apoiou muito e aí nada mais me importava. Cortei meu cabelo, joguei fora as roupas de menina que eu não gostava, me libertei. Passei a falar abertamente sobre a minha sexualidade, mesmo dentro da escola. Nesse momento, fui abordada várias vezes por professores e pela coordenação.

Eles diziam coisas como ‘tudo bem você ser homossexual, mas não fale disso na escola’.
Descobri depois que havia outros jovens homossexuais na escola, mas eles tinham de ficar calados. No fim das contas, mudei para uma escola pública em que a sexualidade não era um problema. Havia vários projetos para discutir o assunto, inclusive uma semana de combate à homofobia, para questionar a postura dos alunos e da sociedade com o assunto."

COMO A ESCOLA PODERIA AGIR

A instituição deve ser um ambiente em que todos os alunos se sintam acolhidos. Para que isso aconteça, é importante que a sexualidade seja discutida constantemente, mostrando que não há uma única maneira possível de explorá-la. Também é preciso apoiar alunos que busquem os educadores para discutir sua sexualidade. Nas regras de convivência e nas ações concretas de gestores e professores, deve estar claro que situações de homofobia e piadinhas não são toleráveis.


Wellington Soares (wellington.soares@fvc.org.br)


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